30.10.03


ÔNIBUS

Urca-Ingá-Itaipú, Urca-Flamengo, Centro-Urca, Flamengo-Ingá-Itaipú, Flamengo-Fundão, Fundão-Urca. Horas de vida gastas em trânsito.

Eu me sinto envelhecendo dentro do ônibus.

Tento usar este tempo a favor. Lendo. Pensando.

Pensando em psicologia, na roupa que eu vou usar amanhã, no tema pra monografia, nas piadas hilárias que eu e ela inventamos, na área que eu quero seguir dentro da profissão, nele, nas minhas unhas que estão por fazer, na minha mãe, nos meus amigos, nos meus problemas, nos problemas deles, em sexo, em amor, no que eu vou fazer no fim de semana, no que vai ser de mim quando eu tiver 34 anos.

Pensando na vida.

29.10.03


Eu sou uma pessoa tolerante. Bastante até. Relevo muita coisa, vivo compreendendo o que as pessoas fazem de errado, pollyanamente.

Só tem uma coisa que eu não aturo: GROSSERIA.

Nunca faça uma grosseria pra mim, se pretende ser meu amigo. Eu viro as costas e largo você falando sozinho, como fiz com o meu PAI hoje. Ou seja: nem vindo dele eu relevo.

Muito sério isso, me magoa de verdade.

28.10.03


DA PRÁTICA DE JOGAR

Eu não jogo. Cartas, tabuleiro, video game - nenhum tipo. Quem convive comigo sabe. Aí entra o questionamento esperado: mas por quê?

Então eu explico. O problema não é perder. Perder faz parte, eu não ligo de perder. Perder eu sei, o que eu não sei é ERRAR. Sim, porque é completamente diferente.

Também não tem a ver com errar na frente das outras pessoas. Eu não jogo nada, nem sozinha. E este é o ponto principal: EU NÃO JOGO PORQUE NÃO SEI ERRAR.

Lógico que a competitividade das outras pessoas também me irrita. Eu não acho a menor graça em quem perde a noção durante um jogo. Xinga o melhor amigo e depois pede desculpa. Mas isso eu até relevo.

Aqui entra o momento flashback: durante anos eu joguei, como uma pessoa normal. Foi assim que eu percebi que, mesmo quando eu ganhava, ficava me consumindo com qualquer bobagem que eu tivesse feito durante o jogo.

Como isso me fazia mal, eu tomei a decisão de NÃO JOGAR. Nunca mais, nenhum tipo de jogo, mesmo que tenha ímpetos de participação. Simples assim.

PROMETO que depois de uns seis anos de análise eu resolverei este impedimento da minha personalidade e jogarei irrestritamente com todos os amigos.

Por enquanto, eu não jogo. Porque pra mim não é divertido.

27.10.03


UMA RAVE DE TRÊS DIAS NA TIJUCA

A largada foi com Lu & Maju's Halloween, com direito a susto genuíno: a Ligia sentada no sofá. Decoração, luz vermelha, fantasia. Grande concentração de pessoas relevantes. Surpresa, afofamento, lances legais.

Segundo dia de festa at Maju's. Amigos! Icq, telefone, convocação pro grande jogo de Master, gentilmente cedido pela VK, at Ivan's. Amigos, mais amigos! Seinfeld, Madonna, Star Wars.

Domingo na casa da luz vermelha. Floquetes, Lu e o ladies man. Mais Madonna, 80's, vaca louca. Quatro-três-três, rumo ao Pub: VK + Bruno + Alex + Lila. Mais tarde, Lagoa! Revi meu balanço, virei cena de peça de teatro. Ivan's.

E então às sete da manhã fui obrigada a dar tchau pra Ligia e a rave acabou. Com AI.

(cura isso, hein?)

23.10.03


Quem nunca riu com uma comédia besteirol na Sessão da Tarde que atire a primeira pedra.



Incomparável.

RITUAL

Antes de dormir eu preciso cumprir uma série de etapas. Em primeiro lugar, vestir o pijama ou algo que o valha. Escovar e passar fio dental nos dentes. Mas isso todo mundo faz, ou deveria fazer.

Antes de dormir eu arrumo a roupa e a bolsa que vou usar no dia seguinte. Mesmo que eu esteja dormindo em pé, não deito sem tirar a maquiagem.

Antes de dormir eu preciso lavar os pés. No verão, lavar os pés não basta, eu preciso tomar um banho mesmo.

Pra conseguir dormir eu preciso me cobrir, sempre. Mesmo que seja só um pedaço das pernas. E preciso de três travesseiros: um pra cabeça, um pros joelhos e outro pra abraçar.

Pra conseguir dormir, em condições ideais, eu preciso que a luz esteja apagada e a TV ligada, baixinho.

Pra conseguir dormir eu preciso tirar as etiquetas dos lençóis, fronhas e cobertas, todo já mundo sabe.



Mas se eu estiver muito bem acompanhada ou com muito sono durmo de qualquer jeito, em qualquer lugar, sem lavar os pés, sem travesseiro pra abraçar.

Mas os lençóis continuam sem etiquetas, por favor.

22.10.03


SOBRE OS DEFEITOS

Olhar pra si com distanciamento é tarefa complicada. Perceber o que está errado nos outros é mole, difícil mesmo é ter noção dos próprios defeitos.

Defeito não é só aquilo que incomoda às outras pessoas, que convivem com você. Tem mais a ver com o que você (e só você) nota que atrapalha, que te faz esbarrar em questões e se sentir mal, inadequado.

O meu tem a ver com a incapacidade de errar. Busca pela perfeição, em sentido amplo. Cria muitos problemas e muitas limitações. Exemplo cotidiano: eu não jogo, nada, de jeito nenhum.

Desdobramento disso é o padrão de tristeza. Eu triste sempre me sinto irrelevante, uma pessoa dispensável, aquela que se sumisse amanhã ninguém notaria. Aquela que ninguém conhece direito. Que não faz diferença na vida de nenhuma das pessoas que importam. É sempre assim.

Diagnóstico: freakness em último grau.

21.10.03


Detesto me sentir assim:

Compactuando com o que eu considero tudo de pior.

Sendo incoerente comigo mesma.

Detesto.

Exercitando todo o meu poder de síntese:

I AM THE MASTER OF MY DOMAIN.

Se eu fosse uma psicanalista bem-sucedida, eu estaria , sem sombra de dúvida.

Mas como sou uma estudante de psicologia pobre e falida, não estarei.

17.10.03


Dia 18 é Dia do Médico.



Dr. Carlos Moretti, símbolo máximo da medicina brasileira, meus parabéns. Sou sua fã.

16.10.03


A BANDA E EU

A primeira vez que ouvi (de verdade) Pearl Jam, foi na casa da minha (saudosa) amiga Luanna. Era meu aniversário. Escolhi um dos cds dela e botei o Ten pra tocar. Caí de amores.

Levei o cd emprestado e fiquei com ele durante meses, até comprar um pra mim. Isso foi em 1997. Ou seja: não sou uma grunge saudosa, apesar de ter idade suficiente pra isso.

O segundo disco que eu comprei foi o No Code. Um amigo me deu o Vs. e depois veio o Vitalogy. Assim fora de ordem, eu fui conhecendo a banda. Caindo de amores.

Foi muito bom me apaixonar pela banda e elegê-la a minha preferida sem influência de ninguém. Nem da midia. Porque eu fui ouvindo sem ter noção do que tinha sido o single do disco ou o hit. Gostando do que tinha que gostar.

Eu já era fã quando o Yield saiu. Live On Two Legs, Binaural, os Bootlegs, Riot Act. Os clipes, Single Video Theory, Touring Band. Amor estabelecido.

Um americano que eu conheci num message board da banda me mandou uma caixa com 28 fitas VHS. Shows de várias épocas, bootlegs da turnê de 2000, de 98, de 95. Tem até show em praça de Seattle, 91. O melhor presente que eu já ganhei na vida.

Meu Top 5 de canções do Pearl Jam (atual, porque muda constantemente):

1. Long Road;
2. Given To Fly;
3. Faixa escondida do Yield;
4. Corduroy;
5. Hail Hail.

15.10.03


Dando uma olhada na primeira temporada, interessante como os posts mais divertidos de reler são os registros de fim de semana - lugares que eu fui, filmes que eu vi, quem estava junto.

Logo estes, que não interessam a mais ninguém além de mim. Registram momentos, piadas internas, fases.

E dá uma saudade boa, não aquele tipo de saudade restauradora. Sentir falta daqueles momentos - e aí entram as pessoas, os lugares, as piadas - não significa querer que eles voltem exatamente como antes.

Pelo contrário. O bom é lembrar deles e rir. Reviver o que foi tão divertido. Perceber o quão especiais eles foram.

E continuar produzindo episódios como aqueles. Mesmo que os personagens, as locações e as piadas sejam outros.

E eu fui lá na Siciliano trocar um livro. Uma bobagens dessas de auto-ajuda que a minha irmã ganhou de aniversário e me deu pra trocar pelo que eu quisesse. Vinte dinheiros pra usar na loja, ótimo. Aí eu fui vendo algumas opções:

As Correções - Jonathan Franzen: 49,00 reais. Muito longe.

A Trilogia de Nova York - Paul Auster: 42,00. Ainda muita diferença.

As Horas - Michael Cunningham: 27,00. Muito interessante, mas seria melhor ler Mrs. Dalloway primeiro.

Mrs. Dalloway - Virginia Woolf: 24,00 reais. Perfeito.

Este post foi só pra protestar. Porque livro custa muito caro no Brasil.

14.10.03


Grandes eventos do fim de semana:

Comemoração 1: Aniversário, presentes! Chuva. Loud! Justiça divina. Lanches, concorrente, Paaalto, Ciiiinha, Majuia. Gente com legenda. Chuva.

Comemoração 2: Um ano de amizade com o Ivan. Ônibus que dá volta. Chuva.

Comemoração 3: Chegada da Klô. Maju's. Encontro floquético. Chuva. Lela, Lu, Gabgig. Ruffles com limão. Chuva. Doutor. Conversar até amanhecer. Posto. Chuva.

(Máquina de lavar/Barbie Foda-se/Popeye/Misto Quente/Eu não)

9.10.03


Vi no blog do Daniell e fui no dele pra confirmar. Imperdível!


6.10.03


FIM DE SEMANA NA CASA DE CAMPO DE CARAS
ou 12 pessoas, 4 cachorros 3 violões e um sitio em Araras

CENA 1: Van = Nove pessoas galhofando. Chegada = Divisão de quartos e festinha com direito a peruca, plumas, piadas, pufe e body shot. Susto e lazer!

CENA 2: Acordar com cachorro cenográfico na porta do quarto. Buscar o décimo galhofeiro. Comprar sorvete! Almoçar macarrão e assistir ao futebol. Pessoas que não cabem dentro da piscina! Ouvir Madonna em frente à lareira. Violões! Maju Buffay e suas releituras de Beatles. Cachorro-quente. Imagem & Ação! Vaca Louca! O melhor do mundo e as meninas contra os rapazes, que perderam. Extorno! Declaração de amor altinha I. Carona anti-sapos. Invasão do quarto alheio. Ivan entrando pela janela. Entrosamento floquético. Declaração de amor altinha II. Loteamento da cama de casal. Privacidade!

CENA 3: Assistir Bem-vindo À Casa de Bonecas com o Palto achando a protagonista gatinha. Wayne's World! Party Time! Excellent! Strogonoff (nem vou comentar da piada infame do Ivan). Cantar mais Beatles com a Maju e o Palto. Arrumar a mala. Groupiar jogador de War. Van = dez pessoas comportadas voltando pra casa.

FIM.


E sobem os créditos: Mirella, a anfitriã. Ivan, o que gosta muito de maçã. Maju, a que toca violão do jeito dela. Palto, aquele que se confunde com o cachorro. , a noveleira. Lp, o voyeur. Merino, aquele que faz carinho dormindo. Rach, a puxa-saco. Lu, aquele que eu queria conhecer. Flavia, a mexicana. Participação especial de Hanna, a que grita; e Sergio, o que não bate antes de entrar.

730 DIAS

Dois anos inteiros sem mãe.

Sem andar de carro pela orla, sem sentar pra ver a Casa Claudia nova, sem ter audiência teste pra apresentar trabalho de faculdade, sem fazer waffle sexta à noite, sem ganhar roupas feitas pra mim, sem escutar Given To Fly e Mr. Jones no carro pela manhã, sem esporro pra arrumar a cama e fechar a porta do armário.

Sem tristeza e sem melancolia. Mas com saudade. Saudade da minha maior fã. Do amor incondicional. Das brigas compradas pra me fazer feliz.

Sábado, dia 4, foi dia de agradecer por ter tido aquela mãe. Por ter vivido vinte e dois anos perto dela. A partir dela.

Paz e Bem.


Long Road

and i wished for so long, cannot stay
all the precious moments, cannot stay
it's not like wings have fallen, cannot stay
but still something's missing, cannot say, yeah...

holding hands are daughters and sons
and their faiths just falling down, down, down, down...
i have wished for so long
how i wish for you today

will i walk the long road? cannot stay...
there's no need to say goodbye...

all the friends and family
all the memories going round, round, round...
i have wished for so long
how i wish for you today

and the wind keeps roaring
and the sky keeps turning gray
and the sun is set
the sun will rise another day...

i have wished for so long
how i wished for you today

will i walk the long road?
(we all walk the long road)

2.10.03

DIA DO IDOSO

Dona Lili, caduca aos oitenta e poucos anos, vem até a sala de estar e pergunta, aflita, para sua filha mais nova, Leda:

- Quem é aquele homem lá no meu quarto?

Leda responde pacientemente:

- É o papai, mamãe!

Dona Lili, surpresa, retruca:

- Velho daquele jeito?