28.10.04
E a grande diversão das minhas madrugadas niteroienses é a reprise dublada que o SBT exibe de FELICITY.
Porque eu adorava a série e nunca tinha perdido um episódio (e tem gente que não entende o nome) até que a minha pacata vida mudou radicalmente e eu tive que abandonar todas as pessoas fictícias que amava e acompanhava doentiamente.
Também porque houve uma época em que eu achava que a minha vida era parecida com a dela. Eu considerei seriamente a possibilidade de mudar de cidade, ir pra uma nova faculdade e morar num alojamento, por alguém. Ela também não sabia se queria estudar o que estudava. Ela também pensava demais na vida.
Hoje chega a ser engraçado pensar em como a minha vida podia ter tomado um rumo absolutamente diverso a partir de uma decisão. Ainda bem que eu escolhi na última hora não assinar a transferência daqui pra lá. Se eu tivesse ido, todas as coisas boas que me aconteceram depois não existiriam. As pessoas hoje TÃO importantes não existiriam. E eu simplesmente não consigo me imaginar sem elas. Bizarro.
E as parecências terminam aqui. Porque nunca na minha vida dois homens lindos e igualmente interessantes se apaixonaram por mim, ainda mais ao mesmo tempo.
26.10.04
14.10.04
Um dos indícios de que se está mesmo ficando velho é reparar que você tem memórias consistentes que datam mais de dez anos. Há 11 fui com mais três amiguinhas da escola ao teatro: Confissões de Adolescente.
Aí que foi toda uma experiência, a peça exerceu um fascínio na versão 14 anos de mim. Claro que hoje tudo soa meio imbecil, mas àquela altura foi importante ver representada a dor do adolescer bem ali na minha frente. Ou vai ver que foi só a parte estética que me seduziu, com os vestidinhos floridos do figurino, inesquecíveis.
Então eu comecei a escrever minhas próprias impressões sobre as mudanças bizarras dessa fase. Expressava no papel (com a máquina de escrever que hoje é o peso de porta do meu quarto) a inadequação, a busca pela identidade, as grandes verdades absolutas, ideais pro futuro.
Claro que esses escritos não sobreviveram à auto-crítica cruel da adolescência. O livro autografado da Maria Mariana, no entanto, continua aqui. Junto com ele, minhas lembranças dessa época.
De certa forma, a vida de hoje e as coisas que eu escrevo nos blogs não é muito diferente daqueles textos juvenis. Os conteúdos são mais ou menos os mesmos.
Até sobre os vestidinhos.
10.10.04
4.10.04
3.10.04
"(...) mas ainda assim até hoje tenho dificuldade para rir de mim mesmo; metade da minha vida já passou desde então, e ainda fico constrangido. Prefiro pensar que não havia nenhum lado meu, do homem adulto, naquele garoto de 15 anos furioso, mas desconfio que isso é otimismo exagerado. É inevitável que muito daquele garoto de 15 anos ainda esteja dentro de mim (como acontece com milhões de homens), e isso explica parte do meu constrangimento; o resto decorre do reconhecimento do adulto dentro do garoto. Seja como for, é uma má notícia." Nick Hornby
Febre de Bola acabou, já comecei 1984.
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