aos trinta

22.5.10

Reorganizando os Móveis

É um hábito que eu tenho aqui em casa. Tô sempre mexendo na arrumação dos móveis, como se renovar a cara do ambiente trouxesse um ar novo, com os mesmos elementos.

Por isso eu quis voltar aqui e dar uma cara nova pro espaço. Enchi o saco de Facebook (nunca me seduziu), Orkut (nem se fala) e de Twitter e achei quase vanguardista voltar a escrever seja lá o que eu queira no blog.

Podia ter feito um novo, mas preferi arrumar aqui.

17.10.07

Inquietações de uma dona de casa novata

E agora já faz nove meses que eu me tornei oficialmente dona de casa. Não do lar, veja bem. Apesar de considerar uma ocupação válida. Vintage até.


Desde que eu me tornei oficialmente dona de casa várias questões me assombram diariamente. Das quais:

1. Será que eu nunca mais conseguirei ler um livro sem pegar no sono em 30 segundos?

2. O que eu faço pra limpar direito o chão tenebroso do hall de entrada de casa? Será que aquele lance que vendem na calçada e que parece algum tipo de ácido radioativo funciona?

3. De onde vem tanta poeira, Deus?

4. Como fazer para sincronizar o preparo do jantar com o almoço do dia seguinte?

5. Qual a grande ciência em saber comprar sabonetes, detergentes e Veja com os perfumes certos?

12.9.07

Modern-Attached

Aí ontem eu fui lá no evento do Senac Rio Moda que até outro dia se chamava Seminário de Tendências e agora virou Moda+Visão. Desta vez o foco foi o Inverno 2008.

O conteúdo, no entanto, continua o mesmo: estilistas de marcas bacanas levam suas impressões sobre as tendências do mercado de moda, em vários segmentos, para a estação em questão.

As palestras se estruturam de forma parecida: cada profissional faz sua pesquisa em sites e revistas gringos e monta um apanhado de imagens que traduzam o que foi mais visto como tendência. A pesquisa no segmento de lingerie foi feita pela equipe de estilo da qual faço parte. E nós, claro, utilizamos os mesmos recursos que todos os outros.

Se alguém achar de fato interessante, posso resumir o que eu vi por lá:

- Capas de chuva Burberry invadindo o mundo, podendo ser vistas até como vestidos;
- Cintura marcada, fazendo referência ao universo Dior clássico;
- Muito tricot com texturas;
- Xadrez, estampas em preto e branco e cinza;
- Mistura de texturas e tecidos;
- Calça com perna skinny e quadril largo: culotes;
- Matelassê;
- Jeans com aparência metalizada;
- Vestidos e não saias;
- Meias coloridas;
- Calça de cintura alta, mas as de cintura baixa convivendo;
- Macacão e jardineira;
- Jeans com lavagem escura (raw jeans);
- Óculos Ray Ban Celebrity, daquele que o Nix sempre usou;
- Cores fortes e primárias como rosa choque, laranja e azulão, sempre com muito preto acompanhando;
- Ao mesmo tempo muito cinza (quase prata) e tons de gelo;
- Influência 80´s continua. Tão forte que a tendência para as estampas das camisetas é a Ocean Pacific.

Agora posso gongar tudo isso que descrevi acima. Simplesmente por se tratar de blablabla e mimimi. É por isso que o mundinho da moda brasileira é TÃO cansativo e previsível.

Todo mundo bebe da mesma fonte. O que os gringos fazem, a gente vai lá e acha o máximo. Japoneses incluídos quando eu digo gringos. É aquele pensamento cafona de brasileiro que considera tudo que vem de fora o máximo.

Eles têm acesso a matérias primas incríveis que a gente nem sonha ter por aqui? Sim, verdade. Mais uma razão pra que a gente tente buscar o que há de mais original e de qualidade por aqui, pra ficar com menos cara de "primo pobre".

O auditório cheio de gente anotando tudo que o povo dizia que ia "pegar" no inverno que vem. Porque o evento não é de moda, é de comércio. Nada contra moda comercial, pelo contrário, todos somos consumidores. O que irrita é ver o blablabla e o mimimi disfarçado de tendência de comportamento quando na verdade todas aquelas imagens tratam apenas de uma coisa: lançar um novo objeto de desejo pra que você não possa viver sem a sua calça Wide Leg na próxima estação, isso logo depois de ter comprado a sua skinny. (calça Wide Leg, a saber, na época de mamãe chamava-se Boca de Sino).

Moda é mercado. Se os estilistas não lançarem nada de muito diferente da coleção anterior as marcas simplesmente não vão vender e aí o dinheiro não circula e aí fodeu. Tudo bem a busca pela novidade, todo mundo quer ver (e ter) roupa nova e bonita. O chato é a obsolescência disso tudo. A pasteurização. O último grito. A pretensão.

Aí, o momento mais bacana do evento foi já no final, quando a estilista Katia Barros, da Farm, foi lá dizer que pesquisar em sites e revistas de moda é legal sim, mas que cada marca deveria primeiro pensar no que quer fazer, no que julga ser bonito e simplesmente ir lá e fazer. Esquecer um pouco do que a Prada fez (porque se a Prada fez é lei) e pensar no seu cliente, no seu clima, no seu universo. Aí a coisa fica mais lúdica e algum suspiro de criatividade pode vir à tona.

O que é mais engraçado é que isso foi dito pela estilista de uma marca super comercial, que vende horrores pra gente de todas as idades no Brasil inteiro. Isso tudo sem perder a identidade (e a cara) de carioca, brasileira, zona sul, colorida e estampada. Eu considero a Farm um fenômeno. Não só de vendas (porque disso todo mundo sabe) mas de criatividade aliada à preço. Porque ser super inovador e ousado e ter peças conceito custando 2 mil reais, como a Osklen, não é vantagem. Eles mandam bem? Mandam. Mas que são a Prada wannabe dos trópicos, são.

Pena que a moda perdeu a nuance de expressão, atitude e comportamento e ficou apenas com o lado mercadológico, de setor que movimenta altas granas.

Enfim, impressões. E talvez um cadinho de mau humor.

23.6.07

City of Delusion

Sou carioca. Nasci e cresci no Rio de Janeiro, a origem da minha família é do interior do estado, dos dois lados. Muito carioca. Por isso mesmo sempre me incomodou a imagem padrão do que um carioca deve ser: praiano, esportista, bronzeado. Eu nunca fui nada disso.

Aí um belo dia eu conheci São Paulo.

De abril de 2000 até fevereiro de 2002 eu viajei até São Paulo praticamente toda semana. Às vezes pra passar o fim de semana, outras pra ficar um mês inteiro. Ok, eu tinha um namorado por lá. Mas hoje, tanto tempo depois, vejo que talvez eu estivesse mesmo apaixonada pela cidade.

Lembro que toda vez (toda vez) que chegava na cidade, sempre de ônibus, me enchia de uma sensação de potência. Era como se ali eu pudesse ser eu mesma, ou quem eu sempre quis ser. Em São Paulo a vida não tinha limite. E não era porque eu sempre estava ali a passeio.

Esta sensação era tão forte que, aos 21 anos, me meti num processo seletivo de transferência de universidade. Fuvest, prova discursiva. Eu realmente considerei morar sozinha no alojamento da USP. A cidade me fazia sentir capaz. Quase fui, quase assinei os papéis.

Quase. Mas tive que ficar.

Eu não sou cria da Zona Sul. Morei em lugares bem diferentes da cidade. Infância suburbana, Av. Brasil, linha do trem. No subúrbio o Rio não tem o horizonte, o verde, o mar que todo mundo ama. E ainda assim é Rio.

Morei (e moro) em Copacabana. Na Tijuca. Até em Niterói eu fui parar. Esta diversidade me deu uma visão mais global do Rio, menos restrita ao mundinho da Zona Sul. Porque é um mundinho. É pequeno. É elitista. A gente sempre ouve que no Rio as pessoas se misturam, que a favela está muito próxima do luxo e que todo mundo convive. Pra mim isso é mentira. As pessoas simplesmente reagem umas às outras.

Sempre me incomodou a richa ridícula de cariocas vs. paulistas. Os cariocas reclamam que São Paulo é feio, poluído, o trânsito é caótico, tudo é longe, não tem praia. Bem, o Rio é lindo sim. Infelizmente uma cidade precisa ser mais do que bonita pra me fazer sentir bem e querer viver nela. Precisa me oferecer mais.

O Rio é poluído também. A baía fede, a Lagoa fede, as favelas não deixam a paisagem mais bonita. É triste. O trânsito não é muito diferente, desafio que alguém consiga sair de Ipanema às seis da tarde e chegar no Centro às seis e meia. De fato as distâncias são menores, mas só se você vive na Zona Sul e SÓ nela. Quem mora em Guadalupe e trabalha no Centro não deve concordar muito com a idéia de que no Rio tudo é perto.

A realidade é que o dinheiro do país está em São Paulo. Lá existem melhores oportunidades pra todo mundo. Por isso o Rio perdeu tanta gente pra lá. Só eu tenho 4 amigos que se mudaram pra SP por perspectivas melhores. Dois cunhados. Conheço uma penca de gente que fez o mesmo. E em breve terei uma irmã, um pai e uma sobrinha morando lá também. Minha família.

Ainda assim eu não vejo este êxodo com pesar.

Porque São Paulo é acolhedora. Ela sempre me fez sentir em casa. Seus prédios de milhares de andares inspiram futuro, potência, caminhos. O Rio é lindo e será amado por mim pra sempre, claro. Mas nunca será tudo que São Paulo pode ser.

São Paulo é potente e faz as pessoas se sentirem assim.

17.6.07

Choose life. Choose a career. Choose a family. Choose a fucking big television.

Choose washing machines, cars, compact disc players and electric tin openers. Choose good health, low cholesterol and dental insurance.

Choose your friends.

11.6.07

I´m Killing Time On Valentine´s

Foi-se o tempo em que o dia dos namorados era apenas uma data bacana pra mim.

Este é também o dia mais tenso da indústria da lingerie, da qual faço parte. Atualmente, a pressão para a entrega de centenas de calcinhas e sutiãs até o dia 12 tirou muito da beleza e do clima ameno de pretexto pra ganhar/dar presente e sair pra jantar num lugar legal durante a semana.

Mas tudo bem porque amanhã eu vou estar ocupada começando um curso cujo público alvo são profissionais que lidam com gestão comercial. Oi?

Apenas nestes momentos em que eu leio algo bizarro assim é que me dou conta do quão estranho têm sido os últimos dois anos. Que diabos eu fiz pra vir parar aqui? Onde diabos eu me meti pra ser público alvo de um curso de gestão comercial?

Não que seja ruim. É simplesmente estranho. E corrido, e estressante. E cheio de pressão por todos os lados. Não dá pra fazer só uma coisa direitinho, tem que ser sensacional em tudo. Criativa, organizada, educada mas às vezes grossa, flexível, ágil, sagaz, obediente aos fluxos, bem informada, informatizada, etc. Pro-ativa. Quem inventou esta palavra merece ser atropelado por uma Scania desgovernada. Comigo no volante.

Óbvio que metade disso fica pelo caminho. O dia de 9 horas (às vezes 10) é pouco. Tudo depende da situação. Em segundos você pode ser a heroína ou uma completa imbecil. Há dias em que eu queria apenas ter uma vidinha mais ou menos, tranqüila, sem montanha-russa diária.

Há vários dias assim.

9.6.07

Teatro dos Vampiros

Fiz faxina por aqui. Aquela bagunça com os acentos me incomodava. Do mesmo jeito que as toalhas que não combinam no banheiro me irritam. Que os furos feitos em vão na parede vermelha. Que a jardineira sem plantas de qualquer tipo, nem as de plástico. Que a poeira sobre a mesinha design conscious. Que a luz da sala que ainda não funciona.

Paredes são incríveis. Eu amo muito as minhas, hoje já coloridas mas ainda pouco adornadas. As fotos dos Beatles ainda estão encostadas em cima da mesa. Mas pelo menos já existe a mesa. Engraçado como a gente sonha a juventude inteira com uma casa só sua e quando consegue realizar só pensa em onde vai pendurar a foto da banda ou o poster do filme preferido. Nada mais juvenil.

Nada me impede de me assombrar com o fato de que todos estes meus ícones juvenis serão coisa de coroa daqui a 15 anos. Foda-se também. Seremos coroas mais legais que os anteriores. Vamos ouvir rock´n´roll, usar Converse e ter quadrinhos de Star Wars na entrada de casa.

Outra coisa muito desagradável (não tanto quanto a falta de luz na sala) foi perceber que nem juntando os pertences culturais conseguimos lotar uma estante. Uma prateleira para livros e outra para cds. Por outro lado temos roupas que não acabam mais. E toneladas de tênis e sapatos. Ou seja: cultura é o caralho, somos fúteis e só gastamos dinheiro com a aparência.

Este é um problema que eu tratei de resolver: encomendei um livro na Argumento (tenho que prestigiar o comércio local). Mas eu acho que Stephen King não vale muito como cultura. Bem, foda-se de novo, sou pop e cafona (cantarolar música oitentista do Paul McCartney o dia inteiro só faz provar), quero enganar quem?

Mas 2007 tem sido muito produtivo. Desde janeiro eu me ocupo em deixar a casa com uma cara interessante com os meus projetos de decoração low budget. Tirei férias do trabalho. Aprendi a fazer algumas comidas. Dei entrada no pedido de diploma. Perdi alguns quilos. Ganhei um prêmio de publicidade com o Daniell. Ok, eu não sou publicitária. Mas até aí, eu também não sou estilista. E vejam no que deu.